Eleições: democracia e exercício nobre da cidadania

A política não pode ser ignorada. É um instrumento necessário para a organização da vida social.

Eleições: democracia e exercício nobre da cidadaniaA política deve ser compreendida como uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum, dando-nos a oportunidade de aperfeiçoar a democracia através do voto consciente e livre contra a corrupção e a favor da honestidade. Isso, sim, garante à sociedade o seu direito de exercer democraticamente o poder político, melhorando a representação.

É um direito poder votar. O Brasil já passou por épocas em que o cidadão não tinha o direito de votar, manifestando sua opinião cidadã quanto à condução das coisas públicas, o bem comum.

Nossa Constituição assegura o direito de eleição a todos os brasileiros. Todos somos responsáveis pela vida de todos; um tem ingerência na vida do outro. Isso é verdade pelo fato de vivermos em sociedade, e não em compartimentos estanques. Isso nós chamamos de Cidadania ativa. Empenho-me com o bem comum, com o bem das pessoas. Não temos como nos omitir. Toda nossa postura tem consequências. Quem não votar ou votar em branco ou nulo está se omitindo e se furtando na promoção duma sociedade o melhor possível.

A política não pode ser ignorada. É um instrumento necessário para a organização da vida social. Por isso, o eleitor tem direito de conhecer claro e verdadeiramente quem receberá o seu voto. Saber o seu partido, o seu passado e as suas propostas. Voto consciente é dado com conhecimento. Aqui, permita-me dizer: seria bom que nós argumentássemos a favor e contra cada um dos candidatos. Isto cria consciência crítica. Não é bom eleitor quem já tem o seu partido ou seu candidato. Calma. É bom analisar de novo. É bom entrar em discussão e buscar argumentos nas conversas com os amigos, os colegas de estudo, na rua. Claro, tudo isso sem entrar em choque ou brigar. Mas é bom limar nossas ideias e as propostas de nossos candidatos. Ainda: não vamos acreditar em qualquer Jornal ou Televisão. Cada Emissora tem sua linha ideológica e seus princípios. Muitas vezes as Tvs defendem pessoas e grupos que não buscam o bem comum, o direito dos mais fracos e pobres, a promoção e cuidado da vida. Aqui, Jesus é exemplo. Ele era muito experto e não se deixava enrolar pelos fariseus. Dele podemos aprender muito sobre em quem votar. E Jesus era comprometido com a vida das pessoas. Ele cuidava especialmente dos mais frágeis. Jesus é bom pastor, e o bom pastor dá sua vida pelas ovelhas. O político bom faz assim também, e não pensa logo no seu bolso e no bolso dos seus comparsas.

A política deve ser compreendida como uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum. Nada de corrupção. Nas eleições de 2014, estão em jogo os cargos de Presidente da República, um Senador por Estado, Deputados Federais, Governador do Estado e Deputados Estaduais, dando-nos a oportunidade de aperfeiçoar a democracia através do voto consciente e livre contra a corrupção e a favor da honestidade. Isso, sim, garante à sociedade o seu direito de exercer democraticamente o poder político, melhorando a representação.

Com o voto reafirmamos a esperança. Precisamos saber em quem votamos e porquê. É preciso acompanhar o mandato da pessoa a quem eu dei meu voto para governar a mim e os outros. É preciso condenar todo abuso do poder econômico nas campanhas eleitorais e a compra de votos. Dizer não à corrupção.

Não basta apenas escolher um nome. O voto tem consequências. Não votar nulo nem deixar de comparecer às urnas. As eleições garantem o exercício nobre da cidadania. Nesta reta final da Campanha Eleitoral, não mude sua opinião em razão de pesquisas eleitorais nem em troca de favores. Acreditemos num mundo justo e solidário. Somos corresponsáveis pelo presente e futuro do nosso País e de nossos irmãos e irmãs.

Nós, cristãos, precisamos tomar parte da política, é um dos modos mais excelsos de caridade. Deve-se valorizar a liberdade de consciência e as escolhas autônomas dos cidadãos. A religião não é ‘cabresto político’, nem as comunidades eclesiais ‘currais eleitorais’.

Elementos a serem observados na escolha do candidato: propostas de saúde, educação, trabalho, família, a vida, a terra, a inclusão social: um Brasil mais igualitário. Sejamos atentos: nada de interesses pessoais ou de grupos, mas ter uma visão mais ampla dos grandes problemas do país e escolher o candidato que julgamos ter mais condições de mostrar caminhos para responder ao bem dos brasileiros.

Retomando: o político precisa ter credibilidade para representar o povo, governar, legislar e administrar o patrimônio e o dinheiro público. Deve ser comprometido com o bem comum e não, apenas, com interesses privados ou de grupos restritos. O exercício do poder político é um serviço ao povo e ao País. Programa e partido sejam a favor da justiça, do pleno respeito pela vida humana, à família, segundo o plano de Deus, e aos princípios da própria fé e moral.

Será que nossos Candidatos estão dispostos a servir? Sim? Este já é bom critério para receber voto. Eu ainda estou depurando meu voto. Que o Espírito Santo nos ajude e ilumine. Voto consciente para todos.

Deus abençoe.

Dom João Inácio  Müller, Bispo de Lorena.