Desinteresse do jovem pela eleição
A hora do voto, ato de cidadania. Jovem, nas eleições de 2014, mostre a força juvenil.
Para onde foram os adolescentes e jovens que participaram das manifestações no ano passado? Aquele “banho” de cidadania, assistido em praticamente todas as cidades do país, relembrando bons momentos como o das “Diretas Já” e dos “Caras Pintadas”, não está sendo visto neste período eleitoral. E a pergunta é: por que aqueles que se sentiram protagonistas do Brasil, indo às ruas, não assumem o lugar de destaque neste momento importante, a hora do voto?
Tal desinteresse se observa no baixo número de jovens entre 16 e 18 anos que tirou seu título de eleitor para votar em outubro para presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Só 26% dos que estavam habilitados foram até os cartórios eleitorais no prazo determinado. O índice está abaixo da média das três últimas eleições presidenciais (2002, 2006 e 2010), entre 36% e 37%, e consegue ser bem pior que o do último pleito para prefeito, há dois anos, que foi de aproximadamente 43% (dados do Jornal O Estado de São Paulo).
Não acredito que esse fraco resultado possa ser colocado na conta da desinformação. A moçada está super antenada! Também me recuso a dar trela àquela história de inconsequência juvenil, de falta de maturidade etc. Então, direciono a reflexão para uma hipótese grave: o “total” descrédito ou desconfiança do jovem para com as atuais instituições, para com o “sistema”.
Reunido, agora em agosto, com jovens do Projeto Geração Nova – Progen, do Núcleo de Desenvolvimento Social da Fundação João Paulo II / Canção Nova, vi claramente esta “rusga”, este descontentamento com a política atual. Não se reconhece aqueles que, inclusive, tentam passar a imagem de “pais” das manifestações do ano passado.
A moçada questiona, por exemplo, a falta de resposta às pautas apresentadas nas ruas (cadê a Reforma Política?). Vejo aí a razão de muito desta apatia, da verdadeira aversão à lenga-lenga desfilada por partidos e candidatos, especialmente na propaganda na TV. E vejo, também, um risco maior: incluir na decepção a democracia, não enxergando conquistas alcançadas, rejeitando não só os participantes, quanto o “jogo”.
Temo – não sei se você me entende – que o sonho das ruas, de justiça e igualdade, ao se desvincular da nossa maior ação política, o voto, se perca entre o vazio da desmobilização e o fanatismo do radicalismo, do extremismo inconsequente. Remédio? Aproximar o jovem da eleição, demonstrando que a “maçã não está toda podre”. Há boas ideias, sementes, que só com apoios podem vingar. Sei que o nível de muitos candidatos não ajuda; que o histórico não ajuda. Mas, na ausência de opções, vai se desperdiçar quatro anos?
Osvaldo Luiz Silva
Assessor de Imprensa da FJPII