Domingo de Ramos

Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém

Pe. Antônio Justino

Domingo de RamosA liturgia do Domingo de Ramos tem o rosto da alegria e do sofrimento, da fé e da incredulidade, da glória e da cruz. De fato, recordamos primeiro a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e depois o drama que ele viveu até ser morto numa cruz. É acolhido e aclamado pelo povo como o Messias: Bendito o que vem em nome do Senhor! Nesta manifestação popular espontânea, podemos ver a expressão alegre da nossa fé. Nossa fé é sempre luz, vida, força, alegria. Os meninos e o povo que vibram com a chegada de Jesus parecem encarnar a verdadeira fé da humanidade que espera o Messias. Vão ao encontro de Jesus, lhe fazem festa e o aclamam como um vencedor que recebe a palma da vitória. Jesus aceita esta acolhida e esta fé: ele é realmente o Salvador, o Filho de Deus vindo ao mundo para trazer a todos o amor e a misericórdia do Pai. Jesus aceita a acolhida, mas sabe que a sua glória não virá de maneira humana, e sim na cruz: sua grandeza é o seu amor infinito, que o leva a dar a vida por todos. Enquanto o povo o aclama, os inimigos se preparam para prendê-lo e para condená-lo à morte.

 

Domingo de RamosAo mesmo tempo iniciamos hoje a Semana Santa, na qual Jesus realiza a salvação do mundo com seu amor e com seu sacrifício da cruz. A liturgia nos oferece a experiência do amor infinito de Deus que se deu todo por nós na sua paixão e morte. Eis por que lemos o relato comovente, detalhado e profundo, da Paixão de Cristo. Aí se encerra todo o mistério do amor de Deus, do pecado do homem, da salvação que Jesus nos mereceu. O texto da paixão de Jesus fala por si e dispensa comentário. É o relato dos fatos através dos quais chegou a nós a redenção. Todo o mal que se faz sobre a terra de certa forma é condensado naquelas cenas, naqueles gestos de violência: a mentira, a inveja, a traição dos amigos, a sede de poder, a adulação dos poderosos, a maldade, o ódio, o desprezo da dignidade humana, as insinuações, e tudo o mais que os homens fazem de mal, tudo parece estar presente na paixão de Jesus.

Colocar juntos, como faz a celebração de hoje, as duas atitudes da multidão, que antes aclama Jesus e depois o condena, nos leva a entender como é fácil esquecer o amor de Deus, deixar-se vencer pelo pecado, renegar o Senhor. Também cada um de nós, tantas vezes, cai na tentação, no medo, no egoísmo, no pecado, como Pedro e Judas. Trata-se de crer em Deus, no seu amor infinito, na sua misericórdia sem limites. O amor de Deus, expresso na cruz, é a nossa plena, contínua, eterna salvação. Mesmo que nos acontecesse o pecado mais grave, Deus é maior que todo nosso pecado, e veio justamente para tirar os nossos pecados, para dar-nos a alegria e os frutos do seu amor.