Educação personalizada: equilibrando valores e individualidade

Criar filhos é uma jornada desafiadora e recompensadora. Eu tenho dois, um menino de 11 anos na pré-adolescência e uma menina de 7 anos na segunda infância.

A educação que ofereço a eles se baseia nos mesmos valores, no entanto, reconheço a importância de uma abordagem personalizada, que leve em consideração o sexo, a faixa etária, a etapa do desenvolvimento psicológico, o temperamento, as aptidões de cada um, os gostos, então, embora ambos sejam educados pelos mesmos pais, com os mesmos valores, eles são pessoas distintas, e isso deve ser levado em conta.

Busco dentro do sistema preventivo de Dom Bosco, numa educação católica, de uma família missionária, recursos como livros, cursos, grupos de pais para me auxiliar nesse processo. Também já cheguei a fazer psicoterapia a fim de superar realidades em mim, uma vez que educar é autoeducar-se.

 

A família na educação

Acredito fortemente que a educação eficaz se dá dentro de um lar com pai e mãe presentes e atuantes. Além da oração, do discernimento em Deus, a participação ativa do meu marido é fundamental, pois ele oferece uma perspectiva diferente da minha e enriquece a educação dos nossos filhos com sua visão, experiências e autoridade.

 

O tempo, investimento precioso

Em um mundo cada vez mais acelerado, conciliar os desafios do dia a dia com a criação dos filhos pode parecer uma tarefa hercúlea. Mas é preciso lembrar que a família é o motor da sociedade e que investir tempo de qualidade com nossos filhos é crucial para a construção de um futuro sólido.

E isso é fundamental porque no concreto é muito mais complicada a maternidade sem o pai. Um filho já é um desafio dentro de uma família e na minha experiência eu conto muito com a visão, com a oração, com a autoridade, com a bênção e com os conselhos do meu marido.

 

 “Síndrome da Migalha” na rotina familiar

É fácil cair na armadilha de acreditar que basta dedicar alguns minutos “de qualidade” por dia aos nossos filhos. Mas a verdade é que o tempo é a nossa moeda mais valiosa e, diferente de outras crises que passam, o tempo perdido não pode ser recuperado.

Na teoria as coisas funcionam bem mas a vida não é apenas um dia após o outro, a rotina está aí e a vida acontecendo: estamos trabalhando, estudando, temos que pôr comida na mesa, pagar as contas, cumprir as responsabilidades, porque uma família não é para estar numa redoma, fechada num mosteiro, num eremitério. A família é a célula da sociedade e  é preciso que os pais comandem a família, senão o ritmo a sufoca e somos nós, os pais, que precisamos balizar os nossos valores.

Se nós queremos de fato uma família feliz, bem sucedida – e isso não consiste necessariamente numa família rica, nós temos que mirar no que de fato não passa, no que vai contribuir para o hoje, para a sociedade, e também para o nosso futuro.

A fim de garantir um investimento de tempo e de qualidade, precisamos ser intencionais: estabelecer uma rotina familiar estruturada, com horários definidos para as atividades e contar sempre com a graça de Deus.

 

Rotina e Presença: antídotos contra o excesso de telas

Algumas vezes nós nos enganamos com falas do tipo: “Ah o importante é a qualidade, no dia com 24 horas, você dedica 1h para seu filho com qualidade e aí está tudo bem”. Mas eu penso que se a nossa moeda ao invés do real, do dólar, do euro, do bitcoin fosse o tempo, veríamos uma mudança na nossa vida.

O tempo é precioso, é valoroso e ele não volta. As crises financeiras, as crises de saúde e as crises políticas passam, porém o tempo investido é uma moeda valorosa que não pode ser retomada. Esse tempo bem investido no nosso lar, num relacionamento “olho no olho”, nas reuniões na escola, da catequese dos filhos, dançando com eles, deitando na cama, brincando, fazendo as tarefas, escutando os problemas, os sonhos, os medos, os avisos, os alertas, os amigos em casa, tudo isso demanda tempo mas é o maior investimento.

Claro, nós temos que pagar as contas, temos que trabalhar, a vida segue, porém quando nosso tesouro está no tempo e não no dinheiro o nosso coração então se volta para nossa família. As telas são uma realidade presente na vida de todos, inclusive das crianças. Para evitar que a infância seja “roubada” pelo excesso de telas, é preciso assumir o controle da situação e estabelecer limites saudáveis.

 

Construindo um legado familiar através do tempo

 A mensagem que eu deixo para todos, como mãe, educadora e especialista em História é esta: o tempo é o maior investimento, é uma moeda preciosa, que passa muito rápido e que não volta. Nenhum esforço nosso é capaz de voltar o tempo. Então, nós vemos ao longo da História, pessoas que marcaram o seu tempo e são conhecidas até hoje pelos grandes feitos. Isso exigiu doação, entrega, esforço e uma plena consciência do período em que estavam inseridos. Conosco, é a mesma coisa.

Invista cada instante da sua existência, amando o seu cônjuge, os seus filhos, conhecendo-os, formando-os, acolhendo-os, orientando-os. Gaste-se, ainda que você durma menos, ganhe menos dinheiro, pois este é o maior investimento que você colherá na sua família, agora e no futuro, e certamente marcará a História. Porque a família é a célula mãe e o motor da sociedade.

 

Por Lilian Maria de Castro Sanches Leal

Radialista, jornalista, educadora musical e especialista em História.