Sábado Santo
Pe. Antônio Justino
A liturgia desta noite canta as maravilhas que o Senhor realizou em favor de seu povo eleito. Na Vigília Pascal percorremos, através da Escritura Sagrada, os grandes episódios da história da salvação, até chegar ao ponto culminante da Ressurreição do Senhor. Reviver as diversas etapas da história da salvação significa descobrir que as promessas do Senhor alcançam o seu feliz cumprimento na Ressurreição de Cristo Senhor. O propósito de Deus se realiza até nos momentos em que tudo parece perdido, como na passagem do Mar Vermelho, ou na hora em que a Abraão é pedido o sacrifício do seu filho único, Isaac. Em todos esses acontecimentos a Igreja descobre que Deus é fiel à aliança prometida. E medita a história da salvação como a vitória definitiva de Cristo sobre o pecado e sobre a morte. Aqueles que jaziam sem esperança foram resgatados pelo mistério pascal de Cristo. Assim Deus se revela como amor infinito, fiel às suas promessas. Todas as sombras da vida se iluminam à luz do Círio Pascal.
As diversas fases da história da salvação encontram seu feliz cumprimento na união com Cristo. No rito batismal o Espírito Santo, através do símbolo da água, lava o homem de seus pecados e o une a Cristo, para conduzi-lo à vida nova. Quem foi batizado, foi enxertado em Cristo; morre e é sepultado junto com ele, para assim também renascer a uma vida nova. A mesma vida divina flui agora na vida do cristão. Ora, devemos tomar consciência deste dom incomparável e levá-lo à plenitude de uma vida cristã madura e autêntica.
Esta noite deve deixar gravado na alma dos fiéis o insondável amor de Cristo: Com amor eterno eu te amei. É uma noite misteriosa na qual se conjugam a dor da morte e a alegria da ressurreição; é uma noite na qual se entende melhor o mistério pascal como mistério de morte ao pecado e de ressurreição para a vida da graça; é uma noite na qual o cristão toma consciência da sua presença no mundo, da própria missão, da sua vocação, da sua dignidade. Hoje, o homem se dá conta de que foi salvo pelo amor infinito de Deus, que foi unido ao Cristo e que, mesmo se deve peregrinar ainda pela duração da sua vida terrena, já foi salvo para sempre. Cristo, Deus de Deus, luz da luz, ilumina definitivamente o peregrinar do homem sobre a terra, até o último dia no qual voltará com poder e majestade para julgar os vivos e os mortos. Não há, pois, situação humana alguma, por mais grave que seja, que não seja vencida pelo mistério da Ressurreição de Cristo, luz das nações e salvação da humanidade.